Meu passo-a-passo pra procurar emprego no exterior

Anne Glienke
5 min readMay 4, 2022

Juntei aqui os passos que eu segui na minha busca por emprego fora do Brasil. Alguns são meio óbvios, outros nem tanto. Esse não é o único caminho, é só o que deu certo pra mim, e talvez ajude você a organizar o seu processo.

(prepare-se para fazer MUITAS listas)

Definindo expectativas e avaliando possibilidades

Pra começar, faça uma listinha honesta das coisas que te incomodam no Brasil hoje, o que você espera encontrar lá fora, coisas que te fariam desistir de se mudar, perrengues que você aceita e não aceita passar. Isso vai te ajudar a entender se você realmente precisa sair do país pra viver seus sonhos e vai te guiar na escolha do melhor destino pra você. Quer ganhar dinheiro? O destino é um. Quer vida tranquila? O destino é outro. Quer viajar muito? Quer conseguir visitar a família mais de uma vez por ano? Quer conhecer gente de muitos lugares diferentes? A gente precisa ter nossos objetivos muito claros antes de começar a busca.

Feito isso, procure informações sobre países que oferecem emprego e/ou visa sponsorship pra brasileiros e tente identificar os que se encaixam melhor nas suas expectativas. Leia sobre as vantagens e desvantagens também. Procure pessoas que imigraram pra esses países e pergunte como foi a experiência delas.

Entendendo requisitos profissionais

Depois faça uma segunda listinha com as experiências profissionais que você já teve, suas hard/soft skills. Também pense em como seria seu trabalho ideal (por exemplo, remoto, com horário flexível, em empresa pequena, com time diverso, num setor específico), e o trabalho que você não quer de jeito nenhum (por exemplo, com microgerenciamento de horário, on-call obrigatório).

Pesquise quais são os principais sites de anúncio de vagas dos países que você selecionou na etapa anterior. Por exemplo, na Alemanha se usa muito o Linkedin e o Xing, já no Canadá se usa muito o Indeed e o Linkedin. Tem também serviços como da relocate.me pra achar emprego em qualquer lugar do mundo.

Dê uma olhada em vagas condizentes com o seu perfil e avalie se você tem pelo menos 70% das skills necessárias, se você fala o(s) idioma(s) requerido(s) com fluência necessária para trabalhar, se as empresas oferecem benefícios/formatos de trabalho que supram suas expectativas.

Anote as principais palavras-chave das vagas e principais skills exigidas. Isso vai servir pra construir seu CV ou pra orientar seus estudos, caso você ainda não esteja pronto pra aplicar pras posições que você quer.

Montando o CV

Eu já ouvi falar em países que adotam modelos específicos de CV. Eu nunca usei um modelo específico e acho que esse formato que eu vou descrever funciona na maior parte dos casos.

Escreva um resuminho curto contando:

  1. quantos anos de experiência você tem
  2. suas principais atividades nos cargos que você assumiu
  3. suas principais conquistas
  4. ferramentas com que você trabalhou, ou que você domina, ou com que você se sente confortável trabalhando

Se você ainda não tem muita experiência no mercado, use esse espaço pra falar dos seus projetos pessoais. Não se engane, certificações e cursos, mesmo em entidades renomadas, não têm tanto valor quanto a sua capacidade de aplicar o que você aprendeu.

Pra cada experiência profissional que você mencionar, escreva novamente um resuminho curto explicando o que a empresa faz, qual era sua função, suas principais conquistas e as ferramentas com que trabalhou.

Lembra da listinha das principais skills exigidas? Use para direcionar a construção do seu CV. Se as vagas pedem Python e você teve alguma experiência com Python, mesmo que essa não seja a linguagem com que você mais trabalha, cite sua experiência com Python. Não se alongue falando de ferramentas que não são comuns no mercado. Em vez disso, descreva o valor que você gerou. Direcione o seu currículo para o que o mercado pede, dê ênfase para as coisas que você fez que estão alinhadas com o que as vagas mencionam.

E atualize o Linkedin!! Eu recebo mensagens de gente pedindo indicação e eu indico com prazer quem tem experiência relevante e Linkedin atualizado e traduzido. O Linkedin pode não ser tão necessário quando você aplica proativamente pra uma vaga, porque geralmente você tem a chance de fazer upload do seu CV atualizado e traduzido em alguma ferramenta. Mas quando você é indicado, geralmente seu Linkedin é o primeiro contato que o recrutador tem com você. E ele precisa perceber seu valor.

Se preparando para a primeira entrevista

Na primeira entrevista, o RH quer te conhecer e entender se você seria um bom candidato para a vaga. Pra essa etapa, eu me preparo da seguinte forma:

  1. estudando a empresa e a descrição da vaga
  2. montando um pitch de apresentação (quem eu sou, qual a minha experiência, qual meu projeto mais relevante) que esteja alinhado com a empresa (cito valores que eu tenho em comum com a empresa, ou falo sobre porque eu acho a empresa interessante) e vaga (cito experiências que eu tive que atendem aos requisitos da vaga)
  3. ensaiando (eu faço uma call comigo mesma e fico repetindo meu pitch várias vezes, olhando pra minha cara, até achar que decorei tudo e que tá natural)
  4. listando perguntas que eu gostaria de fazer (qual é o tamanho do time? essa posição é pra substituir alguém que saiu ou foi criada porque o time está crescendo? o horário de trabalho é flexível? tem alguma coisa que é um deal-breaker pra mim?)

Às vezes a gente fica muito nervoso nessa etapa, não consegue responder as perguntas direito, e tá tudo bem respirar fundo, tomar uma água e dizer pro entrevistador: “desculpa, eu tô nervoso porque essa oportunidade significa muito pra mim”.

Não tem segredo pra passar em processo seletivo. Quanto mais treino, melhor a gente fica. Todo mundo ouve “nāo”. Tente aprender com seus erros e melhorar na próxima oportunidade. Se não tiver claro pra você porque você foi recusado, peça feedback pro entrevistador.

Fazendo networking

Na minha opinião/experiência, o jeito mais fácil de conseguir emprego é sendo indicado pra vagas. Quando você tem uma boa rede de amigos e contatos profissionais, você fica sabendo de vagas que ainda nem foram anunciadas e tem a chance de colocar seu currículo diretamente na mão do gestor que tá contratando. Também é o melhor jeito de você conseguir informações transparentes sobre as empresas.

Eu acho que muita gente pensa que fazer network é adicionar um monte de gente no Linkedin, se apresentar, falar das suas ambições. Isso pode até dar certo. Mas eu particularmente acho que network começa com um bom relacionamento com seus colegas de trabalho atuais, com fazer seu nome conhecido onde você trabalha hoje, com ajudar quem está perto de você. Pessoas distantes do Linkedin não convivem com você, não têm nenhuma razão específica pra lembrar de você e se preocupar com você. Quem tá perto é diferente. Quem tá perto é que vê se você é comprometido, fiel aos seus valores, transparente. Essas são as pessoas que podem dar um testemunho sincero de como você é, e vice-versa. E isso ajuda todo mundo lá na frente. Comece hoje a desenvolver sua rede de apoio profissional.

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